domingo, 1 de dezembro de 2019

A Pergunta Que Mais Importa

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"Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas."

João 21.17

É bem conhecida essa dramática conversa de Jesus com Pedro junto ao mar de Tiberíades, após a sua ressurreição, quando ele por três vezes interroga a Pedro quanto ao seu amor por ele. Após tudo o que haviam passado juntos - a traição, os traumas, o arrependimento e o perdão - Ele tinha apenas uma pergunta para fazer a Pedro: "Tu me amas?

Creio que esse diálogo nos permite refletir e entender três princípios básicos:

1. O mais importante é o amor.

O mais importante em nosso relacionamento com o Senhor é o nosso sincero, verdadeiro e íntimo amor para com Ele. Você o ama? O quanto você o ama? De que forma o ama? Mais do que a fé em si, a crença ou até mesmo o comportamento religioso, o que importa realmente é o nosso amor e intimidade com Jesus. E isso vai além de meras palavras. Se traduz em vida e entrega reais. O amor é sempre prático. Ele não é verdadeiro e completo até que se expresse.

2. O nosso amor a Jesus se expressa, de forma prática, à Igreja.

A real forma de expressarmos o nosso amor por Jesus é amando e cuidado das pessoas em geral e do seu rebanho em particular: a Igreja. "Tu me amas? ... Apascenta as minhas ovelhas". A medida que amamos a Jesus, cultivamos esse amor e entrega a Ele, a consequência natural disso é expressarmos esse amor às pessoas, pois Jesus as ama também. O seu amor nos impulsiona a servir aos outros a quem ele também ama e serviu. A melhor medida do nosso amor por Jesus é pelo quanto amamos e servimos às pessoas a quem Ele também ama, e se entregar por elas assim como ele se entregou. Só o amor pode nos levar a isso.

3. Cuidar do rebanho do Senhor é um trabalho para pessoas apaixonadas por Ele

Portanto, conhecemos o amor de uma pessoa por Jesus pela tanto que ela ama a Igreja. O amor a Jesus e aos irmãos é a única verdadeira motivação para o serviço e o ministério ao Senhor e às pessoas. Podem haver muitas outras motivações. Até mesmo a necessidade de nos sentir importantes e aceitos. Servi-lo de forma prática, com nossos recursos de tempo e dinheiro, pode esconder, na verdade, uma motivação centrada em nossas próprias necessidades de aceitação e mérito, e não no nosso amor e entrega a Jesus. É uma linha tênue que nem sempre sabemos distinguir. Pessoas podem estar no ministério, por exemplo, por fama, reconhecimento e até mesmo ganho pessoal. Claro, que isso é algo no íntimo e não muitas vezes visível, às vezes até escondidas atrás de roupagens de humildade e dissimulação. Mas a única pergunta que Jesus tem para nos fazer, ao olhar o nosso coração é: "Tu me amas?" "Eu te conheço?"

Não importa quem você é, o que você faz e quais são os seus plano. A única e verdadeira pergunta a ser feita, e para a qual você deve dar uma resposta sincera é: "Você ama a Jesus?" O restante, é apenas consequência da sua verdadeira resposta a essa pergunta.

Roberto Coutinho  
Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.

João 21:17
Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.

João 21:17
Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.

João 21:17

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

"Ainda que os Faça Esperar"


"Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que os faça esperar"
Lucas 18.7

Vivemos no mundo das respostas rápidas: fastfood, compras online, internetbank, mensagens instantâneas, etc. Temos nos habituado cada vez mais com respostas rápidas e imediatas ao alcance de nossos dedos e à hora que quisermos. A vida se tornou expressa e "esperar" é um verbo que ninguém mais parece estar disposto a conjugar.

Mas uma das lições que aprendemos andando com Deus é que Ele, em sua soberania, não tem compromisso nenhum com a nossa pressa. Aliás, Einstein fez demonstrações matemáticas de que o tempo é relativo e isso parece corroborar a ideia de que o Senhor, como ser supremo, não está sujeito à prisão do tempo como nós. Ele é o mesmo ontem, hoje e para sempre (Hebreus 13.8). Ele é o "Eu Sou" (Êxodo 3.14). Ele não é o "Eu Era" e nem o "Eu Serei". Ele é o "Eu Sou". Definitivamente, tempo é algo absolutamente diferente para Deus do que é para nós. 

Esperar é uma atitude contrária à nossa natureza
As Escrituras dizem que tudo tem o seu tempo (Eclesiastes 3.1-8). Mas para Deus essa noção de tempo parece estar mais ligada a sequência de eventos e "estar pronto" para algo do que com prazos curto, médio ou longo. Existe para Ele apenas o "tempo certo". E creio que temos que aprender essa noção de tempo de Deus. Nossa pressa e ansiedade costumam ser, na verdade, empecilhos para o seu rápido mover.

"Digo-vos que depressa lhes fará justiça" (versículo 8). Espera aí Jesus! Ele vai nos fazer "esperar" ou vai "depressa nos fazer justiça"?  Vejam como a noção de tempo de Deus é confusa para as nossas mentes. Ele vai "depressa nos fazer justiça" assim que chegar o momento certo. Talvez Ele nos faça esperar, mas somente pelo tempo realmente necessário.

Deus fará justiça no tempo certo. Se você tem clamado de dia e de noite por algo justo, Ele fará justiça, ainda que te faça esperar um tempo. Temos que aprender a esperar Nele. Alguém disse que quando você ora e Deus não muda a situação é porque Ele está querendo  mudar você e não a situação. A seu tempo a situação também vai mudar.

Ele fará justiça, ainda que te faça esperar um tempo!

Roberto Coutinho


quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Sete Prioridades que Produzem Maturidade - Parte 7 (Final)


Caráter e Dons


Segue a sétima e última parte dessa nossa série de estudos. Não deixe de ver as outras partes sobre esses importantes princípios e prioridades que operam maturidade em nós. Não deixe de ver nenhuma das sete partes! Vamos em frente...

7. Caráter e dons são dois aspectos essenciais para uma liderança cristã eficaz. Mas caráter é mais importante do que dons. (Mateus 7.21-23)

Uma pessoa pode destruir, com o seu caráter, aquilo que construiu com os seus dons. Quantos líderes e pessoas carismáticas construíram, com seus dons e talentos, ao longo de anos, obras e grandes realizações para depois, às vezes num instante, destruírem tudo devido a falhas em seu caráter? Caráter e dons são importantes para um serviço e um ministério eficazes, mas o caráter é mais importante do que os dons, porque o caráter protege os dons. Muitas pessoas oram para receber dons e talentos, e é importante que o façam. Mas poucas pessoas oram por caráter, pedindo ao Senhor que lhes conceda e forme nelas o seu próprio caráter – os traços e a beleza do caráter de Cristo – que é o que dá sustentação verdadeira a um ministério eficaz e duradouro. Dons e unção são importantes. Mas caráter é mais importante do que dons.

Como eu disse na introdução dessa série de estudos, há muitos outros princípios e prioridades que cooperam para o nosso crescimento em Deus. O importante é que, à medida que os entendamos, sejamos capazes de fazer aplicação prática deles em nossa própria experiência, não só para a nossa maturidade, mas para que possamos estar equipados para levar a Palavra do nosso amado Senhor Jesus a todos que pudermos alcançar com nossa vida e testemunho, ensinando-as a guardar todas as coisas que temos aprendido com o nosso Mestre. É esse aprendizado pessoal e em comunhão que nos torna aptos a fazer discípulos de todas as nações, de forma efetiva e eficaz.

 Reveja, com atenção e reflexão cada um dos sete pares de aspectos que estudamos nessa série de estudos. Vistos em conjunto eles proporcionam a você um melhor entendimento sobre como esses aspectos, quando colocados na devida perspectiva e na correta prioridade, operam crescimento e maturidade em sua vida.

Que o Senhor abençoe sua vida, até a próxima!


Roberto Coutinho

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Sete Prioridades que Produzem Maturidade - Parte 6


O Caminhos e as Obras do Senhor


Segue a parte 6 do nosso estudo (se você perdeu as anteriores, veja-as):

6. Os caminhos do Senhor e as suas obras são duas áreas importantes do nosso conhecimento Dele. Mas conhecer os seus caminhos é mais importante do que conhecer as suas obras. (Salmos 103.7; João 17.3)

Moisés e o povo de Israel tinham níveis diferentes de revelação do Senhor. O povo conheceu e testemunhou as obras e os grandes feitos de Deus, mas Moisés conheceu mais: conheceu o próprio coração e a mente do Senhor. Conheceu os seus caminhos. A mente do Senhor é mais importante do que as suas mãos. Nós podemos conhecer e até mesmo experimentar o que Ele faz, mas não conhecer realmente a sua pessoa, seus caminhos, sobre como trabalha em nós e o que é realmente importante para Ele. É importante conhecer as suas obras, mas elas fornecem uma revelação apenas parcial sobre a sua Pessoa. Elas testemunham sobre o seu caráter, sua fidelidade e amor. Mas podemos estar mais focados no que Ele faz em si, como o povo de Israel, do que no próprio Deus, e acabamos não nos tornando aptos a realizar o seu propósito. Podemos acabar nos tornando infrutíferos.  

A vida eterna é conhecer a Deus (João 17.3) e não apenas o que Ele faz. Conhecer as suas obras é muito importante. Fortalece a nossa fé. Mas conhecer os seus caminhos é mais importante do que conhecer as suas obras.

Você tem conhecido os caminhos do Senhor, a forma como age e opera em sua vida? Tem encontrado o seu prazer em conhecer a Deus, independentemente do que já fez ou tem feito? 

Até o nosso próximo post sobre essa série... sobre o equilíbrio entre caráter e dons (Parte 7).


Roberto Coutinho

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Sete Prioridades que Produzem Maturidade - Parte 5

 

Dar e Receber


Segue a parte 5 do nosso estudo (se você perdeu as anteriores veja-as):

5. Dar e receber são duas ações presentes em todos os nossos relacionamentos. Mas dar é mais importante do que receber. (Atos 20.35; 2 Coríntios 9.7)

Essa é uma das lições de Jesus que, a princípio, mais parece contrariar nossa natureza humana pois, em geral, nós gostamos mais de receber. Mas mesmo de um ponto de vista humano há muita gratificação pessoal no ato de dar, de alegrar o coração de alguém dando-lhe algo de que necessita ou mesmo, simplesmente, para demonstrar nosso afeto. E as Escrituras nos ensinam que, na verdade, é mais bem aventurado dar do que receber. Dentre outras coisas porque dar nos torna semelhantes a Deus, que “deu” o melhor do que tinha para nós: o seu único e amado Filho. “Dar”, portanto, mesmo quando aparentemente não há nada a receber em troca, nos torna semelhantes a Ele. Generosidade é um dos atributos de Deus, e quando somos generosos nos tornamos semelhantes ao nosso Pai. E quem dá, oferecendo o seu melhor, semeia constantemente o bem. E isso, via de regra, acaba retornando a nós na forma de bênçãos. Não porque se trata de uma negociata. Mas porque colhemos daquilo que semeamos ao longo da vida. Semeando o bem acabaremos sempre recebendo o bem de volta. Dar e receber é algo legítimo em toda relação – com as pessoas e com Deus. Mas dar é mais importante do que receber.

Reflita sobre como está esse balanço entre o dar e receber em sua vida. Você tem facilidade de ser generoso e responsivo às oportunidades de ofertar seu tempo, sua vida e seus recursos conforme suas possibilidades e desafios ao redor?

Até o nosso próximo post, sobre os caminhos e as obras do Senhor (Parte 6).

Roberto Coutinho

segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Sete Prioridades que Produzem Maturidade - Parte 4


Obedecer e Sacrificar


Segue a parte 4 do nosso estudo (veja as anteriores de você as perdeu):

4. Obediência e sacrifícios de louvor são duas atitudes que o Senhor ama. Mas obedecer é mais importante do que sacrificar. (1 Samuel 15.22-23)

Por sacrifícios, hoje, podemos entender o louvor, a adoração e a celebração, que são todos aspectos emocionantes e importantes da nossa experiência com o Senhor. A alegria do Senhor é a nossa força (Neemias 8.10). O Senhor procura adoradores que o adorem em espírito e em verdade (João 4.23-24). É indiscutível a importância da adoração, do louvor e da celebração. Mas quando elas são verdadeiras, realmente em espírito e em verdade, elas nos conduzem à obediência e à santidade. Por dedução, é possível alguém sacrificar - louvar, cantar e aparentemente adorar - mas não obedecer. Ficar apenas no nível das emoções. Sacrificar é importante, mas obedecer é mais importante do que sacrificar.

Você consegue discernir, em sua vida, essa diferença entre obedecer e sacrificar? Como você avalia esses dois aspectos em sua vida?

Até o nosso próximo post sobre "Dar" e "Receber" (Parte 5).

Roberto Coutinho

domingo, 29 de setembro de 2019

Sete Prioridades que Produzem Maturidade - Parte 3


Fazer e Sentir 


Segue a parte 3 do nosso estudo (veja as anteriores, se as perdeu):


3. Fazer e sentir são dois aspectos que caracterizam nossa jornada espiritual. Mas fazer é mais importante do que sentir. (Lucas 6.46; Mateus 21.28-31)

Outro desequilíbrio que pode haver é uma ênfase exagerada nas experiências carismáticas de “sentir”, através de revelações, curas e milagres, mas com pouca ênfase no “fazer” a vontade do Pai. É um misticismo exagerado em detrimento de uma vida prática de amor, comunhão, honestidade e serviço ao próximo. É quando o “sentir e experimentar” é mais valorizado do que a vida prática de amor, testemunho e comunhão verdadeira. Jesus criticou também o sentimentalismo raso daqueles que, ao ouvir a Palavra, choram e dizem que vão fazer o que se pede mas depois, na prática, acabam não fazendo – ou seja, ficam apenas no sentimentalismo. São válidas e até necessárias as experiências carismáticas. Mas fazer é mais importante do que sentir.

Você se considera uma pessoa caracterizada pelo sentir ou pelo fazer? Um desses aspectos é mais forte em você ou acha que há um equilíbrio entre eles? É possível fazer sem sentir, sentir e não fazer ou sentir e fazer? Qual você acha que vem antes?

Reflita sobre esses e outros aspectos e, se quiser, me envie os seus comentários.

Até o nosso próximo post, sobre "obedecer e sacrificar" (Parte 4).


Roberto Coutinho

sábado, 28 de setembro de 2019

Sete Prioridades que Produzem Maturidade - Parte 2


Maturidade e Prosperidade


Segue a parte 2 do nosso estudo e reflexão:

2. Maturidade e prosperidade são dois frutos resultantes da nossa caminhada espiritual. Mas maturidade é mais importante do que prosperidade. (Mateus 19.21)

Entre um filho maduro e um filho próspero e abastado, Deus sempre prefere ter um filho maduro. Ele pode até tornar-se essas duas coisas – próspero e maduro (3 João 2). Mas entre um e outro, é melhor para você e para o Senhor que você seja maduro, do que próspero e imaturo. Aquilo que “somos” é mais importante do que aquilo que “temos”. Ser é mais importante do que ter. O que somos iremos levar conosco para a eternidade, mas aquilo que temos não. Essa é uma mentalidade que conflita com a mentalidade dominante em nossa sociedade, que mede o sucesso de uma pessoa pela quantidade de bens que ela possui. Não há nada de errado em ter bens, desde que obtidos através de trabalho honesto e como manifestação das bênçãos de Deus em sua vida. Mas esse não deve ser o motivo último de se buscar ao Senhor. As bênçãos são apresentadas nas Escrituras como resultado de uma posição correta em Deus, e não como o motivo em si para buscá-lo. Prosperidade também é a vontade do Senhor para você. Mas maturidade é mais importante do que prosperidade.

Como você enxerga o equilíbrio entre maturidade e prosperidade em sua vida? 

Até o nosso próximo post... sobre "Fazer" e "Sentir" (Parte 3).


Roberto Coutinho

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Sete Prioridades que Produzem Maturidade - Parte 1


Transformação e Provisão


Segue agora uma reflexão sobre o item 1 do nosso estudo, com um texto bíblico para embasar a nossa reflexão.

1. Transformação e provisão são duas experiências marcantes da nossa vida espiritual. Mas transformação é mais importante do que provisão. (Filipenses 4.11-13)

Você pode até receber muitas coisas de Deus pela fé, mas não ser realmente transformado. Muitas pessoas e igrejas hoje estão mais focadas em campanhas de oração e contribuição financeira visando provisão do que no ensino, discipulado e relacionamento com o Senhor que possam produzir real transformação de vida e caráter. É um dos resultados de uma teologia focada na provisão e não na transformação. Pode atrair e gerar grande audiência e frequência na Igreja, mas com um baixo nível geral de maturidade e testemunho. Tende a gerar muitos filhos imaturos pela falta de ênfase no crescimento pessoal. São pessoas que não se tornam preparadas para todas as situações da vida, como Paulo era, o que pode até gerar frustrações e desânimo por falta de conhecimento e maturidade. Bênçãos e provisão são importantes. Mas transformação é mais importante do que provisão.

Como você avalia esses dois aspectos em sua vida e experiência pessoal? Pense sobre isso e, se quiser, pode me enviar algum comentário a respeito.

Até nosso próximo post... (Parte 2).

Roberto Coutinho

Sete Prioridades que Produzem Maturidade - Introdução



Ao longo de anos caminhando com o Senhor, aprendendo com vários homens e mulheres de Deus, mais experientes e sábios do que eu, e também através da minha própria experiência e comunhão com o Senhor, eu aprendi que há muitos aspectos importantes na vida cristã, mas há alguns que são mais importantes do que outros, em termos de prioridade, e afetam significativamente o nosso crescimento em Deus.

Quero oferecer a vocês uma síntese dessas conclusões através da apresentação de sete “pares de aspectos” importantes de nossa vida em Deus mas que, de acordo com a própria Palavra, uns são mais importantes do que outros. Esses aspectos não são exaustivos, (você pode facilmente acrescentar outros à lista, de acordo com a sua própria experiência) mas creio serem esses sete alguns dos mais importantes e significativos e que fornecem uma boa base para a nossa reflexão.

Creio que o entendimento dessas prioridades em nossa prática e em nosso ensino podem nos conduzir a um novo nível de maturidade e testemunho, como indivíduos e como Igreja.

Seguem abaixo os sete pares de aspectos que iremos analisar nos posts seguintes, que farei a cada dia, para que você possa refletir com calma sobre cada um deles e fazer aplicação prática em sua vida:

1. Transformação e provisão são duas experiências marcantes da nossa vida espiritual. Mas transformação é mais importante do que provisão.

2.  Maturidade e prosperidade são dois frutos resultantes da nossa caminhada espiritual. Mas maturidade é mais importante do que prosperidade.

3. "Fazer" e "sentir" são dois aspectos que caracterizam nossa jornada espiritual. Mas fazer é mais importante do que sentir.

4. Obediência e sacrifícios de louvor são duas atitudes que o Senhor ama. Mas obedecer é mais importante do que sacrificar.

5. "Dar" e "receber" são duas ações presentes em todos os nossos relacionamentos. Mas dar é mais importante do que receber.

6. Os caminhos do Senhor e as suas obras são duas áreas importantes do nosso conhecimento. Mas conhecer os seus caminhos é mais importante do que conhecer as suas obras.

7. Caráter e dons são dois aspectos essenciais para uma liderança cristã eficaz. Mas caráter é mais importante do que dons.

Esses são os princípios e prioridades que iremos abordar, cada um deles, nos próximos sete dias. Irei abordar um tópico a cada dia, explicando-o e indicando textos bíblicos que apresentam esses ensinos. Por enquanto, leia esses enunciados e procure entender o que eles significam a como eles se aplicam de forma prática à sua vida.

Que o Senhor esteja contigo e... até o próximo post, com a Parte 1 dessa reflexão!

Roberto Coutinho

domingo, 14 de julho de 2019

Responsabilidades e Expectativas: Entendendo o seu papel.



"Ora, entre os discípulos de João e um judeu suscitou-se uma contenda com respeito à purificação. E foram ter com João e lhe disseram: Mestre, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, está batizando, e todos lhe saem ao encontro. Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada. Vós mesmos sois testemunhas de que vos disse: eu não sou o Cristo, mas fui enviado como seu precursor. O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o ouve muito se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim. Convém que ele cresça e que eu diminua.

João 3. 25-30

Qual é o seu papel? O que você é chamado a fazer? Qual o seu propósito e missão pessoal nessa vida? Qual é o seu ministério? Eu não sei se você tem resposta clara a essas perguntas, mas uma coisa eu sei: Jesus e João Batista tinham. E não somente sabiam qual era sua missão pessoal, mas também sabiam qual era a missão do outro e os limites e escopo de atuação de cada um:

"Então, em partindo eles, passou Jesus a dizer ao povo a respeito de João: Que saístes a ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Sim, que saístes a ver? Um homem vestido de roupas finas? Ora, os que vestem roupas finas assistem nos palácios reais. Mas para que saístes? Para ver um profeta? Sim, eu vos digo, e muito mais que profeta. Este é de quem está escrito: Eis aí eu envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho diante de ti. Em verdade vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista; mas o menor no reino dos céus é maior do que ele". Mateus 11. 7-11. Não só João tinha clareza sobre o ministério de Jesus, mas Jesus também tinha clareza sobre o ministério de João, e um dava testemunho sobre o ministério do outro e operavam em conjunto dentro do propósito de Deus.

Para entender bem o seu chamado é importante que você entenda também o chamado e a missão dos demais ministérios que atuam dentro de um mesmo contexto do mover de Deus. A falta desse entendimento e sensibilidade pode acarretar problemas para o cenário global da operação de Deus, como divisões, disputas, sobreposições e brechas que acabam sendo improdutivas para o Reino de Deus.

O interessante em João 3.25-26 é que, aparentemente, estava rolando uma espécie de competição entre os discípulos de João e de Jesus: "...Ora, entre os discípulos de João e um judeu suscitou-se uma contenda com respeito à purificação. E foram ter com João e lhe disseram: Mestre, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, está batizando, e todos lhe saem ao encontro". Em outras palavras, estavam perguntado: como podemos demonstrar a eles que o nosso batismo é que é o verdadeiro? Surgiu outro concorrente que está arrastando todo mundo para lá, para ver a novidade! Hummm... será que você já ouviu algo parecido sobre um outro ministério ou movimento que está ocorrendo em outro lugar? Que líder que já não deve ter lidado com algo parecido em seu ministério, não é? Mas a resposta de João Batista é fundamental: "O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada". Ou seja, você e os outros são, em Deus, aquilo que o céu determinou que vocês fossem. Você não pode ser mais nem menos do que o céu determinou que você seja, e nem os outros também. E só o tempo é que vai revelar a obra de cada um (1 Coríntios 3.12-14; Atos 5.38-39).

Não adianta você desejar fazer o que você não foi chamado a fazer. Por outro lado, você tem a responsabilidade de fazer aquilo que foi chamado a fazer. Veja o que o apóstolo Paulo diz ao rei Agripa em Atos 26.19, após contar sobre o chamado que Jesus fez em sua vida:

"Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial". 

O que aprendemos aqui é que somos responsáveis pela visão e chamado que recebemos de Deus. Eu não sou responsável pelo seu chamado e nem você pelo meu. Eu sou responsável pelo o que vi em Deus e sou chamado a fazer. E devo também entender e reconhecer o seu chamado, e sobre como eu posso ajudar e dar suporte a você no cumprimento do seu propósito, e você também a mim! E quando todos nós aprendemos a nos reconhecer e ajudar um ao outro dessa forma, alcançamos uma nova maturidade no Corpo de Cristo.

O admirável em João Batista é que ele sabia sobre a superioridade do ministério de Jesus e não tinha problema nenhum com isso. E essa é uma grande prova de maturidade. Ele disse que o amigo tem um papel importante ao comparecer ao casamento do noivo. A festa e a noiva não são dele, mas ele se alegra com a alegria do seu amigo que está se casando. Ele havia vindo preparar o caminho do Messias, e estava feliz por essa sua missão. Jesus, por sua vez, entendia e reconhecia o ministério de João Batista, e fez questão de dar testemunho sobre a sua importância.

Responsabilidades e Expectativas

Portanto, o que estamos aprendendo aqui é que temos de entender quais são nossas responsabilidades e quais expectativas devemos ter. Não devemos ter expectativas altas demais e nem baixas demais. Não devemos nos enganar, nem pretendendo ser mais do que somos chamados a ser e nem menos. 

"Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um".
Romanos 12.3

Muita gente se frustra porque pretende ser mais do que foi chamado a ser. Mas como João Batista disse, ninguém pode ter algo que não tenha sido lhe dado do céu. Portanto, o segredo do nosso sucesso e realização em Deus está em descobrir o nosso chamado e corresponder a ele. É receber a visão celestial que nos foi dada e não ser desobediente a ela. 

Nesse equilíbrio entre responsabilidades e expectativas nós encontramos não somente maturidade pessoal, mas também maturidade no relacionamento entre os diferentes ministérios no Corpo de Cristo. Cada um entendendo o seu papel e suas limitações, e reconhecendo-se mutuamente, vamos alcançar um novo nível de expressão e manifestação da glória de Deus através da Igreja.

Roberto Coutinho

Porque, pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um.
Romanos 12:3
Em verdade vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista; mas o menor no reino dos céus é maior do que ele.
Mateus 11:11
Este é de quem está escrito: Eis aí eu envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho diante de ti.
Mateus 11:10
Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada.
João 3:27

segunda-feira, 3 de junho de 2019

O Engano do Íntimo

"Disse-me o SENHOR: Os profetas profetizam mentiras em meu nome, nunca os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei; visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu íntimo são o que eles vos profetizam". 
Jeremias 14.14

É realmente impressionante a capacidade que temos de nos enganar. Nos enganamos sobre pessoas, sobre produtos, sobre o caminho que devemos seguir, sobre decisões que devemos tomar, e por aí vai. Geralmente não queremos errar, mas boas intenções não são suficientes para nos assegurar que estamos certos. A verdade é que nos enganamos o tempo todo sobre muitas coisas, e isso não é novidade para nós.

Mas é evidente que há coisas nas quais não podemos nos enganar. Temos de tomar toda a precaução, analisar todos os riscos, aconselhar-se e, finalmente, com o máximo de responsabilidade possível, tomar uma decisão. Decidir um negócio, com quem casar-se, qual carreira seguir, etc. Com tudo isso diminuímos as chances de errar mas, mesmo assim, é incrível como não estamos imunes a enganos.

Agora, o texto de Jeremias 14.14 nos fala de um tipo impressionante de engano: o engano do íntimo. Mas o que quer dizer? Quer dizer que podemos estar enganados mesmo nas nossas convicções e sentimentos mais íntimos. Podemos estar sendo sinceros, mas podemos estar "sinceramente" errados. Outras traduções dizem "engano do seu coração" e a NVI diz "ilusões da mente". A palavra no hebraico é "leb" que significa "coração" e é também amplamente utilizada no sentido de "sentimentos, vontade e, até mesmo, intelecto". De qualquer forma, tem o sentido de algo que é abrigado em nosso íntimo - no caso, um "engano do íntimo".

"O importante é que sou sincero" - dizem as pessoas. Mas se você pegar o metrô em São Paulo no sentido Jabaquara e, sinceramente, crer que está indo no sentido Tucuruvi, não importa o quanto você crê ou sinceramente ache que vai chegar ao Tucuruvi, você vai chegar ao Jabaquara. Você pode até estar sendo sincero e realmente crer no íntimo que está indo para o Tucuruvi. Mas isso não muda a verdade. Você está errando, apesar de sinceramente achar que está certo.

"Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte." Provérbios 14.12.

Quando ouvimos a palavra "engano" logo pensamos em uma heresia, uma falsa doutrina grosseira ou algum tipo de erro evidente. Mas na verdade "engano" significa simplesmente tomar algo por outra coisa. E o texto de Provérbios 14.12 diz que às vezes achamos que algo é bom e direito e, na verdade, é o contrário: são caminhos de morte. Não é incrível como temos o potencial de achar que algo é bom e, na verdade, é algo mortal? Por isso, não devemos confiar em nosso coração e sentimentos. Devemos sempre estar abertos a nos submeter ao escrutínio da Palavra de Deus, do ensino do Senhor e do conselho de pessoas mais sábias do que nós.

Davi sabia disso. Por isso ele orava: ..."SENHOR, tu me sondaste, e me conheces... sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos" (Salmos 139. 1 e 23). Ele tinha o desejo de sempre agradar ao Senhor e de estar trilhando o caminho certo. Mas ele sabia que não podia confiar no seu coração e nos seus sentimentos, por melhores que eles pudessem parecer. E ele pedia a revelação e a luz do Senhor sobre o seu interior: suas motivações, seus desejos e suas convicções. 

O caminho da maturidade em Deus passa por esse processo de ser sondado pelo Senhor, em nosso íntimo, e de ouvir Dele o que tem a dizer sobre nossas convicções, sentimentos e motivações mais interiores. 

Você está pronto para fazer essa oração? Pronto a reconhecer seus eventuais enganos e a aprender novas verdades, não importa quanto tempo tenha caminhado?

Pr. Beto

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Realidade Tridimensional

"Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas. Eis que faço coisa nova, que está saindo à luz; porventura, não o percebeis? Eis que porei um caminho no deserto e rios, no ermo".

Isaías 43.18-19.

Nesse conhecido texto das Escrituras nos deparamos com um aspecto fundamental de tudo aquilo que o Senhor nos fala, mas que nem sempre percebemos. Algo que vai além da mensagem em si, que é o seu pano de fundo e que determina, em última análise, a nossa resposta àquilo que Ele está nos falando.

A Palavra do Senhor, quando vem a nós, nos encontra como estamos e onde estamos - em um contexto específico. E nossa reação a ela e ao nosso contexto é o que vai determinar a sua frutificação. A partir desse texto, eu gostaria de refletir com você sobre como deve ser essa nossa reação e que atitude devemos ter para crescermos no Senhor. Vamos dissecar cada parte desses dois versículos e analisarmos alguns princípios sobre essa correspondência ao Senhor que devemos ter, e fazer uma aplicação prática disso em nossa vida.

"Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas (passado). Eis que faço coisa nova, que está saindo à luz; porventura, não o percebeis? (presente) Eis que porei um caminho no deserto e rios, no ermo". (futuro).

Vemos acima, identificadas no texto, as três dimensões de tempo que formam o contexto desta profecia: passado, presente e futuro. Sempre que uma palavra profética nos é proferida, ela requer de nós uma atitude correta em relação ao passado (no caso, não se lembrar e nem considerar as coisas antigas), em relação ao presente (perceber, ser sensível à palavra) e frente ao futuro (crer no novo caminho no deserto e rios no ermo que o Senhor estava trazendo). 

Creio que isso nos mostra que uma atitude correta em relação ao passado, correspondência à Palavra no presente e visão de Deus para o futuro formam o tripé de um caminhar exitoso no Senhor. Quando falhamos em um ou mais aspectos desse tripé, nos perdemos e começamos a andar em círculos no deserto, como o povo de Israel. E o Senhor, então, tem que trabalhar em nós para nos trazer novamente a uma posição de equilíbrio para avançarmos novamente.

Muitas vezes não crescemos porque ainda estamos presos ao passado. Pode até ser um passado bom. Mas quando o Senhor está fazendo algo novo precisamos aprender a nos desligar do passado: ..."Ninguém põe vinho novo em odres velhos"... disse Jesus em Marcos 2.22. E o apóstolo Paulo, em Filipenses 3.13-14, afirma que ele se esquecia das coisas que para trás ficam e olhava para as que estavam diante dele. Fala de uma ruptura com o passado para estar em paz com o presente e preparado para o futuro. 

A percepção do que o Senhor está fazendo agora, no presente - uma percepção profética - também é muito importante. Precisamos saber o que Deus está fazendo, discernindo a sua voz e posicionando-se com mais precisão em relação ao seu mover. A falta dessa percepção também nos leva a perder a direção. Jesus enfatizou que não vivemos só de pão, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Precisamos estar andando sempre debaixo de uma Palavra de Deus. É isso que produz vida e nos faz caminhar na sua direção. Percepção da sua voz e correspondência a ela é uma base que nunca devemos perder.

Finalmente, devemos ter uma visão clara de Deus. Como diz o texto de Isaías 43.19, o Senhor nos promete trazer um novo caminho no deserto e rios no ermo. Aprendi há muitos anos atrás, com um querido líder chamado John Walker, que "caminho" fala de reforma (nova palavra, revelação do evangelho e entendimento das verdades de Deus) e que "rios" falam de avivamento (presença renovada do Espírito Santo e manifestação dos dons e sinais). 

Creio que Deus realmente tem esses dois aspectos para manifestar nessa "coisa nova" que Ele está fazendo. Muita revelação da Palavra e manifestação do poder de Deus, uma nova e mais profunda comunhão, uma vida no amor e na graça do Senhor, que irá tornar-se uma nova expressão do Reino de Deus nessa sociedade pós-cristã e humanista na qual vivemos.

Que a nossa realidade tridimensional - passado, presente e futuro - seja moldada nessa visão e nessa "coisa nova" que já está vindo à luz! Amém!

Roberto Coutinho

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Os Mistérios do Poder e da Angústia



"Então, jurou o rei e disse: Tão certo como vive o SENHOR, que remiu a minha alma de toda a angústia". 1 Reis 1.29


Neste verso de Davi há dois temas aparentemente contraditórios: um Deus que vive e a experiência de angústia na vida daqueles que o servem. Como pode alguém que serve ao Senhor, que é um Deus vivo e onipotente, experimentar em sua jornada pessoal experiências de angústia, como Davi? Ele era o "homem segundo o coração de Deus" mas, mesmo assim, sabemos que passou por várias situações de angústia. Ele tinha uma percepção de Deus como alguém que vive e que tinha remido a sua alma de toda angústia. Creio que isso nos inspira algumas reflexões.

Sempre que Davi tinha que dizer algo muito importante ou fazer algum juramento, ele dizia essa frase "tão certo como vive o Senhor, que remiu a minha alma de toda angustia" (veja 2 Samuel 4.9 e 1 Reis 1.29). Essa parecia ser uma percepção muito clara que ele tinha do Senhor: o seu Deus, Todo Poderoso, que vive e que o tinha redimido de toda angústia

Teodiceia


Esse tipo de questionamento, sobre como pode um Deus amoroso e onipotente conviver com a dor e o sofrimento das pessoas, não é novidade. Já no livro de Jó nos deparamos com essa questão. Também, no campo filosófico, o "Paradoxo de Epicuro", no século III a.C, já postulava a impossibilidade lógica de haver um deus onipotente, onisciente e benevolente ao mesmo tempo, pois a existência de dois desses atributos anulava automaticamente a existência do terceiro (quem quiser pode pesquisar mais sobre o tema). E Epicuro não era ateu, ele simplesmente advogava o "desinteresse dos deuses" pela experiência humana.

Um outro exemplo histórico dessa controvérsia seguiu-se ao maremoto de Lisboa, em 1755. Essa catástrofe aconteceu no dia 1 de novembro, justamente no "dia de todos os santos", e várias igrejas da cidade foram destruídas, matando muitos fiéis que estavam nas celebrações. Portugal era um País muito Católico e o fato dessa tragédia ter ocorrido em um dia santo e matado tantos fiéis nas igrejas levantou muitas questões religiosas na Europa, principalmente por parte dos iluministas. Voltaire, um de seus principais filósofos, ironizou a situação em seu conto "Candide" e no seu "Poème sur le désastre de Lisbonne". E a questão central era a mesma: como pode o mal conviver com um Deus onipotente e bondoso?

A resposta dos teólogos a esse tipo de indagação foi o desenvolvimento do que ficou conhecido como "teodiceia", que eram argumentos que, em face da presença do mal no mundo, procuravam defender e justificar a crença na onipotência e suprema bondade do Deus criador, contra aqueles que, em vista de tal dificuldade, duvidavam de sua existência ou perfeição.

Revelação do Senhor sobre as Origens da Angústia


Mas a verdade é que estudos e argumentos racionais como os propostos pela teodiceia até são interessantes e válidos, mas a compreensão mesma dessa aparente contradição só se dá a partir de uma experiência pessoal de tocar o coração de Deus e ser tocado por Ele. Assim como Davi, podemos conhecer a esse Deus que vive e que nos redime de toda angústia!

Mas a que angústias Davi estava se referindo? Ele era, segundo o próprio Deus, "um homem segundo o meu coração" (Atos 13.22). Que angustias poderia ter experimentado tal homem?

Não é preciso ser um profundo conhecedor das Escrituras para saber algumas das grandes lutas e angústias experimentadas por esse homem de Deus. Fugiu de Saul, que o perseguia injustamente para o matar, durante um longo tempo, vivendo como fugitivo entre os homens apurados de Israel (1 Samuel 22.1-2). Também foi perseguido pelo seu próprio filho Absalão, que usurpava o seu trono, e o buscava matar para reinar em seu lugar. Por ocasião de seu pecado com Bete-Seba, muitas consequências sérias se abateram sobre ele, inclusive essa de Absalão. Ele realmente havia experimentado várias angústias e tribulações. Mas como explicar isso, se ele era o homem segundo o coração de Deus?

Observamos na história de Davi que houveram angústias que ele sofreu injustamente, como por exemplo, durante os anos em que foi perseguido por Saul. E houveram angústias que foram justamente causadas pelos seus próprios pecados, como o que cometeu com Bete-Seba, resultando na perda de filhos, perseguições, a quase perda do reino e grande sofrimento e perdas.

Essa é uma lição que podemos aprender aqui: há angústias que nos vem injustamente, e há outras que são o resultado de nossos próprios erros. Em 1 Pedro 2.19 diz: "porque isso é grato, que alguém suporte tristezas, sofrendo injustamente, por motivo da sua consciência para com Deus". Já temos muita dificuldade em suportar angústias e sofrimentos, mas quando são injustas, aí é que temos mais dificuldade ainda. Mas as Escrituras dizem que isso é "grato", ou seja, "bom, benéfico". Tanto a angústia justa (a que é fruto dos nossos erros) como a injusta, são benéficas, pois operam nossa correção ou crescimento. E Davi experimentou a redenção de todas elas, pois ele afirmava que o Senhor era aquele que o redimia de TODA angústia.

Podemos notar a revelação que Davi tinha sobre o perdão e a cura das angústias que o Senhor operava em sua vida em vários textos. Vejamos alguns deles:

2 Samuel 16.12: "Talvez o SENHOR olhará para a minha aflição e o SENHOR me pagará com bem a sua maldição deste dia". Ele cria no perdão e na redenção do Senhor, mesmo quando ele era culpado.

2 Samuel 22.7: "Na minha angústia, invoquei o SENHOR, clamei a meu Deus; ele, do seu templo, ouviu a minha voz, e o meu clamor chegou aos seus ouvidos". Durante a angústia, ele buscava ao Senhor, crendo que ele o ouvia e por fim o abençoaria. Ele confiava no amor do Senhor.

2 Samuel 24.14: "Então, disse Davi a Gade: Estou em grande angústia; porém caiamos nas mãos do SENHOR, porque muitas são as suas misericórdias; mas, nas mãos dos homens, não caia eu". Ele tinha experimentado e sabia que muitas eram as misericórdias do Senhor, e que era melhor se colocar em suas mãos, do que na dos homens.

Poder de Deus e Angústia


A essa altura podemos entender melhor como pode haver, em nossa jornada espiritual, esse Deus que tem todo o poder e, ao mesmo tempo, experiências de angústia e sofrimento. O Senhor tem todo o poder e nos ama, mas Ele nem sempre impede que experimentemos situações de angústia e sofrimento. E isso porque essas experiências são instrumentos ou para nos corrigir ou para produzir crescimento e maturidade. 

"porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?". Hebreus 12.6-7.

Você passou ou está passando por agruras, sofrimento e angústia? Tem buscado ao Senhor sobre isso e às vezes nem entende o que está passando? Aprenda com Davi. Ele confiava nas muitas misericórdias do Senhor, e não nas pessoas ou nas saídas humanas. Confiava e se derramava diante do Senhor, a fonte da verdadeira redenção. Ele sabia que o Senhor vive e que o redimia de toda angústia. Sabia que tudo tinha um propósito, e que a seu tempo o trono, o reino e a vitória chegariam. Sabia que, de alguma forma, o Senhor estava trabalhando para o seu bem.

Não devemos culpar a Deus pelos problemas e angústias que passamos. Devemos saber que Ele vive, tem todo poder, e é o que nos redime de TODA angústia. Seja justa ou não, o Senhor está trabalhando para o nosso crescimento!

Roberto Coutinho