Por: Roberto Coutinho
domingo, 22 de março de 2020
JARDIM ou MATO? Com o que se parece sua vida?
O propósito de Deus para o Homem envolve a sua inserção em um ambiente organizado e produtivo. Nesse vídeo, Roberto Coutinho analisa esses princípios na primeira menção da criação do Homem na Bíblia, em Gênesis 2.7-8.
sábado, 14 de março de 2020
O Princípio da Afeição
Não é incrível como
duas palavras tão antagônicas como “amor”
e “morte” podem estar em uma mesma
frase e, assim mesmo, formar um sentido real? Pois nesse pequeno verso extraído
de Cantares 8.6 vemos uma das verdades mais importantes da vida: a força
poderosa e impulsionadora do amor.
Aquilo que fazemos - nosso procedimento, ações, investimento de tempo, recursos e atenção - tem a ver com aquilo que “amamos” ou, em última análise, aquilo que “aprendemos a amar”. É uma força interna motivadora e que nos influencia, até mesmo inconscientemente, a ser o que somos e fazer o que fazemos. Assim como a morte é uma força inexorável, o amor também é. O amor é forte como a morte.
Isto posto, não é
difícil reconhecer a importância de sabermos quem são as pessoas e coisas que
são objetos do nosso amor. E eu creio que é oportuno, neste momento,
introduzirmos o conceito de “afeição”.
Afeição significa “inclinação, pendor para alguma coisa”.
Envolve o sentimento de carinho e afeto, deveras adquirido e construído ao
longo do tempo, e direcionado a alguém ou até mesmo a alguma coisa. Essa noção
de construção é importante para o conceito de afeição que vamos trabalhar nesse
estudo. Ou seja, afeição, em geral, não é um sentimento de amor espontâneo, mas
um amor que vai sendo construído com o tempo. Muitas vezes não há amor no
princípio. Pode haver até uma certa aversão que, com o tempo, vai
se transformando em apego e afeição. E o ser humano tem uma capacidade
impressionante de desenvolver afeição não só por outras pessoas, mas também por
animais, bens e até mesmo objetos e instituições.
A
Síndrome de Estocolmo
Um exemplo
impressionante do potencial que o ser humano tem de desenvolver afeição é o
fenômeno psicológico que ficou conhecido como “Síndrome de Estocolmo”. Após um
assalto a banco com reféns na cidade sueca de Estocolmo, durante os seis dias
em que os funcionários do banco foram mantidos reféns, o que se viu ali foi
algo verdadeiramente improvável: laços afetivos, e até mesmo de cumplicidade,
foram formados entre o sequestrador e suas vítimas. Ou seja, por razões
diversas, que não vamos detalhar aqui, até mesmo uma vítima pode desenvolver,
com o tempo, uma afeição pelo seu agressor. E isto por causa dessa enorme
propensão que nós humanos temos de desenvolver afeição por pessoas, lugares e
objetos até mesmo improváveis, que estão nos fazendo mal e não bem. As pessoas
podem adquirir afeição por um professor severo, ou por uma autoridade
totalitária, por exemplo. E a experiência e a história nos dão muitos exemplos
disso.
Torcedores
Fanáticos
Outro exemplo do
potencial que o ser humano tem de desenvolver afeição são os torcedores
fanáticos de futebol e outros esportes. E é um exemplo interessante para
ilustrar como que a afeição é algo adquirido como fruto de uma decisão inicial.
O torcedor fanático de hoje, até um dia da sua vida, não torcia para equipe
alguma. Em algum momento, por algum motivo, decidiu torcer por ela. E
essa torcida, essa relação, cresceu ao longo do tempo de tal
forma que o tornou um defensor implacável e fanático do seu time. Torcedores
brigam, fazem loucuras e sacrifícios. E é uma afeição
extrema que foi construída ao longo do tempo, e como fruto de uma decisão inicial.
A
dedicação vem antes da Afeição
“Porque, onde está o teu tesouro, aí estará também
o teu coração” Mateus 6:21
O
Senhor abriu os meus olhos dias atrás para um detalhe importante nesse
versículo. Jesus não disse “porque onde
está o seu coração, aí está o seu tesouro”. Mas sim “onde está o seu tesouro (causa:
onde dedicamos tempo, recurso e forças),
aí estará também o teu coração” (efeito: amor, apego e afeição). Há
coisas que você acabará amando e desenvolvendo afeição pelo simples fato de
você dedicar tempo e recursos nelas: uma pessoa, uma casa, um carro, uma
carreira, uma ideologia, um time de futebol, etc. A dedicação vem antes da
afeição. A afeição, na verdade, é fruto de uma entrega contínua e progressiva.
Onde está o seu tesouro, aí estará o seu coração.
Então,
a pergunta que se faz aqui é: o que você
escolheu “entesourar” em sua vida? Onde você escolheu desenvolver e colocar
a sua afeição? No que (ou em quem) você escolheu investir o melhor do seu
tempo, dos seus recursos e energia?
Isso, em grande medida, determina quem você é, quem e quais coisas você
ama, o que controla e direciona a sua vida. Você consegue entender isso?
O Primeiro Mandamento
“Amarás, pois, o
Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua
força”. Deuteronômio 6.5
Não
é difícil entender agora porque a Palavra nos ordena a “amar” a Deus, de todo o nosso coração, alma e forças. Porque o amor
é algo que pode se desenvolver a partir de uma decisão. O nosso conceito de que
o amor é sempre algo espontâneo, independente de nossa decisão e vontade, como
a flecha de um cupido que nos atinge, nos impede de ver o amor também como uma
afeição que emerge de uma decisão inicial de dedicar tempo, recursos e atenção
a alguém ou mesmo à alguma coisa.
Eu
já cheguei a me questionar em certa época porque Deus fica o tempo todo exigindo
que se adore a Ele, e somente a Ele e mais ninguém. Pode até soar como uma
espécie de narcisismo divino de não querer deixar espaço para mais ninguém. Mas
na verdade, o Senhor sempre nos exorta a amá-lo, adorá-lo e colocá-lo em
primeiro lugar, porque é isso que vai nos levar a nos apegar às coisas certas e
a rejeitarmos as coisas erradas. É o que vai nos conduzir pelo caminho da vida:
“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o
teu coração, porque dele procedem as fontes da vida”. Provérbios 4:23
Por isso, devemos
decidir amar as coisas certas: amar ao Pai. Amar a
Jesus. Amar nossa família: cônjuge, filhos, pais e irmãos. Amar a igreja, aos
irmãos de caminhada. Amar os perdidos. Amar a Palavra. Amar a oração. E tudo
começa com a decisão de nos dedicarmos às coisas certas. O que são os objetos
da nossa afeição define o que somos em Deus.
“Aquele que tem os meus mandamentos e os
guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e
eu também o amarei e me manifestarei a ele”. João 14:21
Você
quer ter a manifestação de Jesus em sua vida? Desenvolva afeição por Ele,
levando a sério sua Palavra. Gastando o melhor do seu tempo e dos seus recursos
com Ele. Isso vai gerar afeição por Ele. Vai gerar amor à medida que o
experimentar. Vai fazer com que você seja amado pelo Pai. E Jesus também vai te
amar, manifestando-se pessoalmente a você. Esse é o segredo da verdadeira
manifestação de Jesus em nossa vida. Essa é a chave para ser usado por Ele, com
poder e verdade.
Ponteiro da Bússola
O
amor não é apenas um sentimento. Ele é um vetor: tem intensidade, direção e sentido. Ele sempre está nos levando em
direção àquilo que amamos. E o nosso amor ao Pai é o que nos direciona a Ele e
à sua vontade. Funciona como uma bússola que sempre nos orienta a direção na
qual devemos andar.
O
que nos faz desviar do pecado, e vencê-lo, é a graça de Deus. E a graça de Deus
é o fruto do Seu amor por nós. E a medida que experimentamos a graça de Deus, a
nossa resposta ao Senhor é o amor. E
esse amor, por ser “forte como a morte”,
vence as forças pecaminosas que operam em nossa alma: os desejos lascivos, os
vícios, os hábitos arraigados, a carnalidade, os desvios da alma e da
personalidade. Enfim, vence o pecado em nós! E isso porque esse amor torna-se
uma força maior que essas outras que operam em nosso interior e as neutraliza.
Não é o esforço humano que vence o pecado, mas o Amor de Deus operando em nós
através da sua Graça!
O
amor ao Pai é o ponteiro da bússola que nos aponta a direção certa e não nos
deixa desviar nem para a direita e nem para a esquerda. E essa “direita” e “esquerda” podem ser definidas como o “mundanismo” e a “religiosidade”
– as duas formas de nos perder em nós mesmos. E tentações virão, querendo nos
atrair para um lado ou para o outro. Mas se estivermos vivendo no amor do Pai e
em Sua intimidade, assim como uma bússola, esse amor não vai nos permitir
desviar nem para um lado e nem para o outro.
O Filho Pródigo e o
Filho mais Velho
Essa
é uma das muitas verdades que a famosa parábola do filho pródigo nos ensina.
Tanto o filho pródigo como seu irmão tinham o mesmo problema básico: não conheciam realmente o amor e a
intimidade do Pai. Mas um se perdeu na carnalidade e no mundanismo,
enquanto o outro se perdeu na religiosidade e na justiça própria. Ambos se
perderam em si mesmos. O filho mais velho estava na casa do Pai, mas não o
conhecia de verdade – não conhecia o seu amor. Há muitas pessoas que estão
perdidas em si mesmo estando na Igreja, na Casa do Pai. Porque não têm
descoberto e experimentado o verdadeiro amor desse Pai misericordioso e cheio
de Graça. Amor esse expressado claramente pelo “cordeiro cevado” que foi
oferecido imerecidamente para os dois!
A intimidade com o Pai nos guarda de desviar
tanto para o mundanismo, quanto para a religiosidade – as duas
formas de nos perder em nós mesmos. E tanto um como o outro acabam se tornando
prisões. E por religiosidade estamos querendo dizer a prática rígida de
preceitos doutrinários sem a essência do amor e da graça de Deus. O que acaba
sendo uma forma de troca que não dá certo com Deus. O filho mais velho achava
que pelo simples motivo de fazer tudo “direitinho”
iria torna-lo elegível a ter todas as dádivas do Pai, quando na verdade o que
ele tinha de fazer era pedir e entrar na graça e no amor imerecido do Pai.
Apenas pelo fato de ser filho, e nada mais. Ambos, de forma diferente, tiveram
de aprender a mesma verdade: a suficiência do Amor do Pai.
O Amor Precisa ser
Verbalizado
Certa
vez um casal na igreja, com quase 50 anos de casados, estava enfrentando uma
crise em seu casamento. E a esposa olha para o marido e diz: “você nunca diz que me ama!”. Então o
marido vira-se para ela e diz: “no dia do
nosso casamento eu disse que te amava! Se algum dia eu mudar de ideia, eu te
aviso!”. É claro que o amor não pode agir assim. Até porque o amor não é
realmente amor até que se expresse.
Muitas
vezes o nosso amor a Jesus e ao Pai não se desenvolve adequadamente porque não
verbalizamos e demonstramos, de maneira prática, o nosso amor. Podemos até ter
amor a Deus, mas não somos ensinados a expressar esse amor. Temos às vezes até
receio de aproximar do Pai, como o irmão mais velho do filho pródigo parecia
ter.
“Mas
a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem”. João
4:23
Uma
vida de intimidade e entrega ao Senhor, que se expressa principalmente em uma
vida de adoração e obediência é o caminho para o perdão, a entrega e a
transformação. É o que vai nos levar realmente a ser o que fomos chamados para
ser. Nos leva a agradar ao Pai, a ser amado por Ele, e a fazer com que Jesus se
manifeste em nós e através de nós!
Mas
tudo começa com as pessoas e as coisas que você elegeu para serem o objeto da
sua afeição.
Quais
são, realmente, os objetos da sua AFEIÇÃO?
Roberto Coutinho
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